Descoberta em 1987 pela educadora Helen Irlen, a Síndrome de Irlen atinge entre 12% e 14% da população mundial, tornando cada vez mais legítima a preocupação de profissionais de Educação sobre como alfabetizar essas crianças. No Brasil, há, ainda hoje, uma certa dificuldade em relação ao diagnóstico, intervenção e tratamento – além do tabu no contexto familiar, escolar e social.
Isso acontece, em grande parte, porque o problema não é muito difundido e debatido no ambiente escolar pela falta de conhecimento de sua existência. Além disso, muitas vezes os sinais são confundidos com desinteresse e falta de atenção, comprometendo a autoestima dos alunos e seu desenvolvimento. Quando, na verdade, esse comportamento apenas é uma forma que o aluno encontra de legitimar sua dificuldade.
Mas, afinal, o que é a Síndrome de Irlen e como ela pode impactar o processo de alfabetização?
O que é a Síndrome de Irlen?
A Síndrome de Irlen, também conhecida como Síndrome da Sensibilidade Escotópica, é caracterizada pela alteração do processamento das informações pelo cérebro, quando são captadas pelas vias visuais, devido à entrada excessiva de luminosidade.
Crianças acometidas por esta alteração, relatam que as letras parecem estar se mexendo, vibrando ou desaparecendo, o que dificulta o foco e a formação de palavras ou frases.
A situação causa, ainda, outros problemas, como:
Fotofobia;
Intolerância ao fundo branco de uma folha de papel;
Dificuldade para identificar objetos tridimensionais;
Dor nos olhos;
Sono;
Cansaço excessivo; e
Dor de cabeça.
Estudos apontam que essa síndrome é hereditária. Os sinais deste problema costumam ser percebidos na escola na etapa da alfabetização, uma vez que ocorre o aumento da exigência da leitura e da escrita.
A Síndrome de Irlen tem tratamento, mas é importante que o diagnóstico seja feito por um especialista e de forma precoce. Afinal, quem possui a Síndrome de Irlen pode ter baixo desempenho na escola devido à dificuldade de processar as informações captadas pela visão, que são distorcidas pela visão dinâmica do olho.
Vamos explicar melhor: a leitura exige que os olhos se movimentem para entender cada letra, cada palavra em cada linha, ou seja, exige orientação espacial. A SÍNDROME DE IRLEN (SI), altera exatamente esta dinâmica visuoespacial que a leitura exige e também para captar informações da lousa e copiar para o caderno, por exemplo.
Por isso, podemos dizer que a Síndrome de Irlen também causa perdas em relação à concentração e à compreensão.
Dicas de como alfabetizar crianças com Síndrome de Irlen
Muitos pais e profissionais da área de Educação que lidam com crianças com essa síndrome têm uma preocupação especial sobre como alfabetizar esses alunos. Embora isso gere um alto grau de ansiedade, é importante entender que cada um tem um perfil e uma curva de aprendizado que devem ser respeitados.
Além disso, inicialmente, é preciso procurar um especialista e ter a confirmação do diagnóstico. Somente o profissional especializado pode indicar a melhor forma de tratamento, que pode variar de acordo com os sintomas.
Inclusive, os profissionais da área de Educação podem auxiliar a criança com SI por meio de atividades e avaliações com espaçamento duplo e letras maiores, tornando tudo mais legível. Ampliar o tempo para realização de tarefas, pensar em cores alternativas para o papel e cuidar melhor da luminosidade do ambiente também são ações importantes.
Em paralelo, é importante também que sejam feitas intervenções psicopedagógicas para preparar a criança e minimizar os impactos no seu desenvolvimento ou atrasos na escrita e leitura.
Outra dica importante é, sempre que possível, posicionar o aluno portador da Síndrome de Irlen de forma estratégica, na primeira fileira e longe de portas e janelas para melhor monitoramento do trabalho e atenção, de modo que não tenha reflexo da luz na lousa.
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